13 setembro 2009

TIPOS DE CIRURGIA

Com excepção do implante vagal todos os tipos de cirurgia envolvem o cérebro. De um modo geral podem ser feitos dois tipos de cirurgia:

- Remoção da área cerebral responsável pela produção de crises.
- Interrupção das vias nervosas ao longo das quais se espalham os impulsos que transmitem as crises.


LOBECTOMIA
As crises iniciadas numa ou mais áreas independentes do cérebro são conhecidas como crises parciais, com uma sintomatologia dependente do local do cérebro onde se originam.

O cérebro está dividido em áreas chamadas lobos: frontais, temporais, parietais e occipitais. Existem dois de cada um destes lobos, situados de cada lado do cérebro. A operação destinada a remover todo ou parte de um destes lobos é chamada lobectomia.

Este tipo de cirurgia pode ser praticado quando uma pessoa tem crises que se iniciam sempre no mesmo lobo, desde que não seja lesada nenhuma função vital. Algumas vezes não é necessário remover inteiramente um lobo, a cirurgia limita-se a retirar apenas o local onde se situa o foco epiléptico.


BENEFÍCIOS E RISCOS DA LOBECTOMIA
Conquanto existam riscos para todos os procedimentos cirúrgicos, incluindo a colocação de eléctrodos profundos e grelhas, a maior parte da cirurgia da epilepsia é relativamente segura. O sucesso da cirurgia da epilepsia depende do tipo da intervenção praticada, podendo ser previsível pelos exames pré-cirúrgicos. No caso das lobectomias temporais 65 a 85% dos doentes ficam livres de crises.
As complicações surgem em 4% das intervenções e dependem do tipo de cirurgia praticado.


HEMISFERECTOMIA
A lobectomia remove uma pequena área cerebral. No entanto, em casos mais raros, as crianças podem ter uma lesão cerebral grave envolvendo uma metade do cérebro, a qual provoca crises incontroláveis e paralisia do corpo do lado contrário.
Quando isto acontece, encara-se a possibilidade de efectuar uma operação mais extensa, chamada hemisferectomia, a qual remove quase um dos lados (hemisfério) do cérebro.
Parece impossível que alguém possa funcionar apenas com uma das metades do cérebro mas, nas crianças, a metade que fica toma conta de algumas das funções da parte removida. No entanto, produz-se fraqueza e perda de alguns movimentos na metade oposta do corpo, bem como perda da visão periférica.


BENEFÍCIOS E RISCOS DA HEMISFERECTOMIA
Os centros especializados que praticam esta intervenção, consistindo na remoção de uma metade ou quase uma metade do cérebro, têm excelentes resultados. No entanto, ela acarreta mais riscos que os outros tipos de intervenção.
As crianças sujeitas a uma hemisferectomia continuam a ter perda da função do lado do corpo oposta ao da intervenção.


CALOSOTOMIA
Este tipo de intervenção corta a ponte onde passam as fibras que conectam uma metade cerebral com a outra (corpo caloso) impedindo a difusão da crise.
Podem responder a este tipo de cirurgia as crises atónicas, as quais afectam ambos os lados do cérebro, não existindo nenhuma área susceptível de remoção.
Nalgumas crises focais que se generalizam, quando o foco não é acessível a remoção ou existem focos bilaterais, também se pode tentar este tipo de cirurgia.
As crises não cessam inteiramente com este tipo de cirurgia, pois continua a haver actividade epiléptica num ou noutro lado do cérebro, mas os seus efeitos tornam-se menos graves.
Frequentemente a calosotomia é praticada em duas fases. A primeira intervenção separa parcialmente os dois hemisférios cerebrais poupando algumas conexões entre eles. Se as crises param, não se fazem mais cirurgias. Se continuam, alguns médicos advogam uma segunda intervenção destinada a separar completamente os dois hemisférios cerebrais.


RESSEÇÕES SUBPIAIS MÚLTIPLAS
Algumas crises originam-se ou difundem-se em partes do cérebro responsáveis por funções de linguagem ou de movimentos. A remoção destas áreas pode levar a perda da linguagem ou paralisias.
Uma técnica, chamada resseções subpiais múltiplas, pode ser usada nestas situações. Consiste em praticar pequenas incisões no cérebro impedindo a difusão dos impulsos responsáveis pelas crises. Esta técnica pode praticar-se isoladamente ou associada à lobectomia.


BENEFÍCIOS DA RISCOS DA CALOSOTOMIA
O risco de complicações ronda os 20%. As crises generalizadas podem parar ou reduzirem-se substancialmente; as crises generalizadas tónico-clónicas e as crises atónicas, para as quais esta intervenção está indicada, têm os seus próprios riscos, pelo que a decisão de intervir deve ter em conta este facto. As crises parciais provavelmente continuarão.

FONTE: www.lpce.pt

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