08 setembro 2009

A HISTÓRIA DA EPILEPSIA

A epilepsia é uma das afecções do sistema nervoso conhecidas há mais tempo: cerca de 3.000 anos A.C., já era representada em papiros e atribuída a uma entidade maléfica.

O homúnculo no fim do hieróglifo significa que uma pessoa morta ou um demónio entram no corpo da vítima provocando-lhe epilepsia. Isto reflecte as concepções primitivas sobre a origem das doenças: os espíritos malignos seriam os responsáveis pela epilepsia, era necessário apaziguá-los mediante orações ou oferendas.
Os gregos, criadores do termo epilepsia (epilhyia = surpresa, ser apanhado de repente), acreditavam que só um deus seria capaz de possuir um homem, privando-o dos seus sentidos, provocando-lhe uma queda e convulsões e, depois deixá-lo como se nada tivesse acontecido; apelidavam a epilepsia de "Doença Sagrada".
Os romanos designavam-na de "Mal Comicial", devido ao facto de se suspenderem os comícios cada vez que um dos participantes sofria de um ataque, ficando-se a aguardar um sinal de bom augúrio para se recomeçar o mesmo.

Os hebreus acreditavam que cuspir sobre um corpo em convulsões obrigava o demónio a sair dele e, tal como a cultura greco-romana, pensavam que as fases da lua provocariam as crises epilépticas.
Para os árabes, as crianças concebidas ou nascidas durante a lua cheia correriam o risco de ser epilépticas.
As crenças baseadas na influência lunar também apelidavam os epilépticos de "lunáticos", enquanto as que acreditavam na possessão por demónios os designavam por "maníacos".
A responsabilidade da lua ainda hoje está presente em algumas regiões de Portugal onde não se deixam as fraldas a secar, ao luar, para os bebés não contraírem a doença.
Conquanto todas estas concepções fantasiosas já tivessem sido postas em dúvida por Hipócrates (460-375 A.C.), o qual atribuía uma causa natural à doença, responsabilizando o cérebro pela sua origem, durante a Idade Média continuaram as interpretações sobrenaturais: exorcizavam-se os epilépticos ou praticavam-se benzeduras.


S.Valentim, patrono dos epilépticos, é representado benzendo os corpos de dois doentes; ao canto está um porco, símbolo do demónio.

Durante largos séculos, estas interpretações permaneceram, acreditando-se ainda que a epilepsia pudesse ser uma doença contagiosa ou mental, e ainda hoje não é raro as pessoas menos esclarecidas discriminarem os epilépticos ou socorrerem-se de medicinas alternativas para combaterem os espíritos. Foi apenas em 1873 que o neurologista inglês John Hughlings Jackson estabeleceu que a epilepsia se devia a descargas da substância cinzenta cerebral.

A Bíblia também cita a epilepsia: em Mateus 17:14-18, Marcos 9:17-27, relata-se o caso de um jovem epiléptico levado a Jesus em busca de cura.
Séculos se passaram, conceitos, conhecimentos e tratamentos mudaram, evoluíram, mas preconceitos e desinformação ainda existem, como existiam no passado. FONTE: www.lpce.pt

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